Certezas - 2ª Temporada - 33º Capítulo

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P.O.V.’s Lua Blanco

   Acordei ainda naquele pequeno, mas espantoso motel. Acho que nunca antes tinha entrado em algum. O motel é conhecido como “lugar do sexo” e acho que nem preciso de explicar a razão.
  Acordei cedo porque Benjamin não me deixa descansar um pouco, mas se portou muito bem enquanto eu fazia amor com Arthur. Tentei me levantar, apesar do meu corpo estar ligeiramente pesado e cansado. Tinha fome. Mas aí me lembrei que não estava em casa. Fui até ao banheiro, com a camisa do Arthur vestida. Fiquei em frente ao espelho, de lado, olhando para a minha grande barriga. Ela estava tão… tão perfeita. É o sonho de qualquer mulher poder estar assim. Principalmente uma mulher como eu que já sofreu tanto. Doenças, injustiças, mentiras… ser mãe é como uma bondade vinda do céu, para compensar tanto sofrimento durante esta vida.

   Tomei um banho. Tinha de fazer alguma coisa enquanto Arthur resolvia dormir. Mesmo sendo agora hora de almoço. Fiquei na banheira relembrando um dos momentos mais difíceis da minha vida. Acho que nunca chorei tanto. Nunca sofri tanto de ansiedade e raiva. 

Flash Back on

   Eu ia colocar os meus livros à biblioteca, mas à saída da cela, eu dei de caras com uma agente. Ela demonstrava um ar muito sério, rigoroso e profissional. Yasmin, que estava na minha cama sentada, se levantou assim que a viu. Fiquei nervosa. 

- Lua e Yasmin?
- Sim – assentimos
- Vocês têm uma notificação do tribunal. – ela me entregou uma carta e eu soltei um sorriso bem largo para Yasmin – Não me diga que…
- Com licença. – ela fechou a cela e foi embora.

   Rapidamente, sentei na cama, ao lado de Yasmin, e abri a carta. Estava tão ansiosa que os meus dedos se atrapalhavam uns nos outros enquanto eu tentava rasgar aquela carta. Eu podia adivinhar o que estava ali escrito. Arthur disse que me ia tirar daqui e talvez seja isso… eu sabia que ele ia conseguir, eu sabia.   
   Abri a carta. Estava registado um texto enorme. Yasmin leu atentamente o texto, em voz alta. Eu não conseguia ler nada. Os meus olhos estavam cheios de lágrimas.

   Pouco depois fomos liberadas daquela cela e levadas para o tribunal. Encontrei lá Charles. Ele veio nos receber, também muito profissional e explicou o que tinha acontecido.

- Arthur deu um jeito de apanhar Conor com a boca na botija.
- Sim, explique melhor
- Agora não há tempo para pormenores. O que importa, é que Conor está preso e vocês vão sair daqui ainda hoje! 
- Graças a deus! – eu e Yasmin só sabíamos chorar. Nos abraçamos, chorosas, e mortas de ansiedade de sair daquele lugar. Eu estava farta de ver as mesmas cores, mas mesmas pessoas e o sol me fazia muita falta. Eu necessitava de ar puro. Eu necessitava de sair dali.

   Atrasado, Arthur chega e bate com a enorme porta na parede. O juiz lançou um olhar de morte a ele. Arthur pediu desculpas, bem baixo, levantando a mãe em legitima defesa.
   Segurado por dois guardas, Conor entrou se debatendo deles e gritando que estava inocente e que tudo não passava de armação. Eu tinha vontade de bater nele, mas bater muito. O rosto de Conor estava meio amassado, inclusive, tinha um olho negro. 
   Arthur tentou se sentar ao meu lado, mas não conseguiu, pois ao meu lado só podia ficar Yasmin e o nosso advogado. Olhei para ele. Estava com uma cor especial. Um brilho especial. Acho que estava mais feliz e um tanto ansioso como eu. Reparei também que tinha o lábio cortado. Agora eu já imaginava quem tinha deixado o rosto de Conor naquele estado. 

   A sentença foi escutada com muita atenção por parte dos presentes. Eu não acreditava que estava vivendo aquilo agora. Parecia mentira. Quem diria. Finalmente, o dia de justiça se fez. 
   Ouvi tudo com muita clareza, sobre o que o juiz falou. Ele disse que estávamos inocentes e que fomos injustiçadas de uma maneira muito cruel. Estávamos liberadas e, para recompensar, o tribunal ia nos pagar uma indeminização. Porém, não há dinheiro nenhum que me faça esquecer o que eu passei aqui dentro.

   À saída, fui abraçada pela minha mãe, minha irmã e os pais de Arthur. Todos nós chorávamos, mal conseguíamos falar. A família e alguns amigos de Yasmin também a vieram receber. Arthur foi o último a me abraçar. Estávamos chorando tanto que era quase impossível ficarmos em pé o tempo todo. Eu não conseguia largar ele e perdi a noção da quantidade de vezes que disse que o amava. 

- Eu disse que te ia tirar daqui, não disse?
- Disse. Obrigada meu amor, eu te amo.
- Eu te amo tanto. – nos beijamos finalmente enquanto éramos aplaudidos pelos presentes.

FLASH BACK OFF

   Lembro ainda perfeitamente que assim que cheguei em casa ataquei a geladeira. 

- Amor? Lua… - ouvi a voz rouca de Arthur. Ele abriu a porta do banheiro e entrou. Estava apenas de cueca boxer, com o rosto meio amassado.
- Estou aqui.
- Reparei. – ele tirou a sua cueca e entrou na água comigo. – Você está bem?
- Muito bem!
- E ele? – Arthur olhou para baixo
- Melhor ainda. Louco para sair.
- Estou desejoso. – Arthur me abraçou por trás e ficamos ali uns bons minutinhos sentindo só a água quente cair sobre nós.
- Amor…
- Fala. – ele olhou para mim
- Eu quero fazer o parto na piscina
- Na piscina?
- É… quero um parto domiciliário
- Isso… isso é perigoso. De onde você tirou isso? – ele ficou de frente para mim
- Eu li muitas revistas e livros de grávidas, enquanto estava… naquele lugar. Eu li entrevistas a mulheres que fizeram e achei… achei lindo. – sorri – Sabia que você pode ficar ali comigo o tempo todo? Me segurando? Pode ainda ajudar e…
- Eu não sei Lua. – dizia ele bem sério – Primeiro, não sei se é aconselhável para você. Segundo, eu nem sei se sou capaz de assistir ao parto…
- Você não vai assistir ao parto? – o encarei
- Eu não sei, eu…
- Se arma em homem para umas coisas e em rato para outras, né? – o encarei – Logo vi. – desliguei a água do duche e me embrulhei numa toalha. Não estava a fim de falar com Arthur e muito menos olhar, se quer, na cara dele. 


   Voltamos para casa chateados. Ou melhor, eu estava chateada com ele. Chateada e com fome. Pensei que a onda de “não quero ser pai” já lhe tinha passado. Mas se ele aceitou o facto de ser pai, porque razão não quer assistir a um parto? Acho que o nascimento de um filho é das coisas mais bonitas do mundo. É um dos presentes mais bondosos da vida. Qualquer pai gostaria de ter o privilégio de ver o filho a nascer, eu acho. A menos aqueles que têm problemas cardíacos ou algo do género, o que não é o caso de Arthur.
   Ele bem tentou falar comigo. Bem tentou me beijar ou abraçar, mas eu o afastei. Estava brava, irritada e chateada com ele. Parecem palavras iguais mas têm sentidos diferentes. 
 
   Chegando em casa, Arthur parou o carro e se adiantou para abrir a minha porta e pegar a minha bolsa. Depois segurou a minha mão e me puxou com todo o cuidado do mundo. Quando estávamos a caminhar para as escadas do prédio, ele fez o favor de segurar a minha mão para subirmos juntos, mas eu cruzei os braços de forma a mão pegar na mão dele, ou ele na minha. A verdade é que já nem me dava jeito cruzar os braços.
   Antes de entrar em casa, ele segurou a minha mãe e ficou na minha frente.

- Não vamos ficar assim. Eu tenho uma surpresa pra você lá dentro e quero que estejamos juntos nisso…
- Também quero ficar junto com você no momento mais importante da minha vida, mas nem por isso vou ficar.
- Eu disse que não sabia se era capaz. Não disse exatamente que não era! Entenda a diferença.
- Se você é homem para fazer filhos, também é homem para vê-los nascer.
- Eu tenho um coração fraco
- Coitadinho. – disse irónica
- Acha que te amar é fácil? – aos poucos ele estava me ganhando – Eu sei que está brava comigo, mas por favor, me deixa te abraçar? Seu coração perto do meu me dá forças. 
- De onde tirou essa frase? – eu ri
- Daqui. – ele apontou para o peito e fez a carinha de inocente. 

   Lá eu levantei os braços na sua direção, colocando-os bem à volta do seu pescoço, abraçando-o bem forte. Pude sentir o seu perfume, coisa que antes eu tinha enjoado, mas acho que esse drama me passou. Após o abraço e o beijo roubado, entramos em casa animados. A mãe de Arthur estava sentada no sofá. Parecia que tinha acabado de se sentar e aparentava estar cansada.

- Meus lindos, que bom que chegaram. – ela veio nos receber com um abraço – Vou agora para casa, para vos deixar a sós e apreciar a…
- Mãe! – Arthur interveio. Eu já sabia, provavelmente, o que ia ser a surpresa, pois a mãe de Arthur e Arthur, inclusive, nunca me deixaram entrar no quarto vazio que tinha aqui em casa. Dona Aguiar se despediu de nós. Assim que a porta se fechou, a minha curiosidade falou mais alto. Esqueci até que tinha fome. Fui logo para o quarto, que antes estava vazio, para ver qual era a surpresa. Arthur me impediu. – Coloca isso. – disse ele, me dando uma das suas gravatas. Eu coloquei sobre os olhos e ele amarrou por trás. – Está vendo alguma coisa?
- Não.
- Ótimo. – ele segurou a minha cintura e me guiou até ao quarto. O meu coração estava batendo tão forte que era capaz de saltar do peito. Assim que entramos no quarto, eu consegui perceber logo o perfume doce de bebé. Não me perguntem porquê. – Está pronta?
- Estou. Posso tirar?
- Droga, a minha mãe acertou em cheio!
- Posso tirar amor?
- Cara, que lindo
- PORRA ARTHUR, POSSO TIRAR? – gritei com ele
- Pode amor, desculpa. – ele riu e tirou a gravata dos meus olhos. 

   Sabe o paraíso? O céu? Então, eu estava lá. Aquele quarto sem graça, todo branco, se tornou na coisa mais adorável do mundo. Quero dizer, ele continuava branco, mas agora com detalhes adoráveis. Comecemos pelo meu lado esquerdo. Logo junto à entrada, havia um candeeiro, em força de uma árvore despida com luzes interligadas nos ramos e bonequinhos pendurados nas pontas. De seguida, havia um grande armário branco, com gavetas por baixo e duas portas por abrir. Abri. O armário estava cheio das roupas que eu tinha até agora para Benjamin. Em baixo, nas gavetas, haviam outras roupas bem dobradas, cobertas e lençóis para o berço. Depois do armário vinha o berço. Todo ele em branco, com uma frase relaxante na lateral em dourado. Haviam bonequinhos azuis pendurados. Azul esse que combinada com a linha dos lençóis e da coberta. Na parede, haviam quadros brancos ainda vazios. Eu estava té imaginando que fotos eu ia colocar lá. Por cima do berço, preso ao teto, estava um negocio que, ao girar, dava uma leve musiquinha bem calma. No centro do quarto havia um tapete redondo, bem bonito. Havia uma espécie de sofá e outra cadeira de embalar, quem sabe para eu me sentar enquanto dou de mamar ao meu lindo Benjamin. As cortinas eram azuis, com detalhes brancos. Havia uma mesinha de cabeceira com uma luz pequena e mais um porta-retratos.

- Eu estou sem palavras. – confessei com lágrimas nos olhos – Está tudo tão…
- Perfeito?
- Mais que isso. Eu estou… eu estou sem palavras, juro. Obrigada amor, muito obrigada. – o abracei forte e chorei no seu ombro – O nosso bebé merece isso e muito mais. Estou desejosa que ele chegue.
- Senta aqui. – Arthur se sentou naquele sofá e pediu para que eu me sentasse no colo dele. Deitei a cabeça sobre o seu ombro e ele ficou passando os dedos sobre a minha barriga – Já imaginou? Nos primeiros dias ele vai chorar de mais e aposto que você vai colocar aquela música irritante, que eu vou odiar, mas que o Benjamin vai adorar. Eu bem disse à minha mãe para não comprar, mas ela insistiu tanto…
- Ela fez bem, eu adoro aquilo. – sorri. 


   Adivinhem onde jantamos? No quarto do Benjamin. Aquele lugar me trazia paz e, se fosse preciso, eu ia dormir ali também. 

- Amor… sobre o parto…
- Eu quero que seja domiciliário. – interrompi ele – E mesmo que você se oponha a isso, eu vou em frente. Sozinha, mas eu vou. Amanhã mesmo vou marcar uma consulta. – sorri para ele

  Amanhã é o último capítulo! O que vocês queriam que acontecesse no último capítulo?
Gente, Portugal tá fora do mundial! :( Agora vou torcer muito pelo Brasil né

9 comentários:

  1. Ai que bom que vc vai fazer o parto domiciliario e que triste que vai acabar né :( vai ter a 3 temporada ????

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  2. Cria, eu não vou opinar, pq acho q vc é tao perfeita escrevendo q nao tenho motivos pra opnar, bom, naum sei oq sera de mim sem sua web, mais vou estar super ansiosa a espera de outra web, e que ela chegue o mais rapido possivel. Bom só uma coisa eu não gostaria q o parto fosse domiciliario, mais vc sabe oq faz! Ta perfeito mega ansiosa pro ultimo capitulo! Ja sabe como foi no exame? Te adoruuuu!
    By: Rafa

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  3. Eu nao tenho palavras que possam ser melbores que sua ideia Cris.. So quero que sejam felizes *-* Eu vi que Portugal ta fora :( Magoada por nao poder olhar cristiano ronaldo e suas finalizacoes... kkk Mas essa web foi maravilhosa, assim como vc Cris <3

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  4. Ja vai ser o ultimo?!?!
    Passou tao rapido, linda a web.
    Podia ter uma 3° temporada ne??
    Ass: Bela

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  5. Nao acredito,como assim o ultimo capitulo ? Bua vou chora :'(
    Alice

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  6. vai ter 3° temporada?? ou vc vai começar outra web?? por favor continua fazendo web aqui.

    mary

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  7. certezas vai deixar saudade

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  8. Concordo, 3° temporada seria uma boa.. Essa web é uma das minhas preferidas, amo muito.. Torce muito pelo Brasil kk' Uma pena portugal ter saído rs'

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  9. Arthur ta com medo de cair dentro da banheira desmaiado '-' mais eu creio que ele vai conseguir.
    Vc, Cris é uma baita de uma mega escritora, faz 3ª temporada *-*
    Seria lindo se Arthur fosse o primeiro a pegar o Beni nos braços assim ele iria reconhecer que aquele serzinho tão dele qnt de Lua era tudo que ele mais amava *-*
    Awmm ia ser lindoo...
    Acredito que vc irá nos surpreender ;)
    Adoreeii.

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