Certezas - 2ª Temporada - 28º Capítulo

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P.O.V.’s Lua Blanco

   Parecia mentira. A minha vida mudou do dia para a noite. Ou melhor, do momento em que eu festejava a minha liberdade para o momento em que o juiz começou aquele “mas”, em que a gente sabe que vem algo mau por ai.
   Presa. Eu estava presa à três dias e ainda não me tinha acostumado com a ideia de que vou ter de ficar aqui por mais cinco meses e vinte e cinco dias. Alias, a pessoa que entra nesse local sendo INOCENTE, não se acostuma nunca. Nunca!

   E o que é que eu podia fazer? Além de chorar, eu conversava com Yasmin. Ela não comia. Apenas ficava deitava na cama, chorando e se culpando de tudo o que tinha acontecido. Eu queria fazer o mesmo que ela. Talvez se estivesse com uma anemia (falta de comer), eles me levassem para fora desse lugar imundo. Mas não posso. Tenho uma criança dentro de mim e tenho que cuidar da minha e da saúde dele.
   E bom, fui à biblioteca desse lugar imundo e peguei um livro de romance. Retratava a história de dois jovens que fugiram de casa aos 16 anos. Eu nunca fui assim tão aventureira. O máximo de loucura que fiz, foram aqueles desejos que pedi ajuda ao Arthur para os realizar.

- E essa criança como vai? – perguntou Anne. Anne estava presa à 2 anos e faltavam-lhe três para ela poder sair daqui. Era uma mulher com 32 anos, viúva e mãe de 3 filhos. Ela estava aqui por ter morto o marido, ao lhe ver com uma amante. Na verdade, ela o matou em legitima defesa, pois ele ameaçava-lhe dar um tiro, por o ter pego com a amante.
- Vai bem. – respondi, sorridente. Fechei o meu livro, colocando a ponta da folha que eu lia dobrada e depois levei as duas mãos à barriga. Está chutando muito. Acho que sente muito a falta do pai.
- Do calor dele né? Eu fui mãe de três bebés lindos e cada um deles se acalmava de um jeito diferente. O primeiro com música, o segundo com desenhos animados e o terceiro com o calor do pai. Aquele desgraçado. – ela suspirou – Já tem nome, a criança?
- Não. Mas andei pensando em alguns… mas quero falar primeiro com o meu marido
- E ele como está?
- Eu não sei. – suspirei – Ainda não me veio visitar. Acho que deve estar abalado.
- Abalada mesmo está a sua amiga. Yasmin, né?
- Sim. Ela acha que a culpa de tudo isso foi dela. Mas não foi. Ela não teve culpa. Fomos apenas vítimas de uma pura injustiça.
- Em breve vocês vão sair, acreditem. Tudo será provado.
- Eu quero mesmo que sim. Não quero passar os primeiros três meses do meu filho aqui dentro. Quero sair antes de dar à luz e o nosso advogado está tratando de recursos para isso.
- Vocês vão conseguir – ela sorriu para mim


P.O.V.’s Arthur Aguiar
 
   Para quê dinheiro, saúde, grandes carros e trabalho quando não tenho aquela que mais amo do meu lado? E fraco sou eu, que até agora não mexi um dedo que fosse para a ter realmente do meu lado.
   Fiquei desolado, triste, acabado quando ouvi a decisão final do juiz. Ele não tinha o dinheiro de decretar 6 meses de prisão a duas inocentes como Lua e Yasmin. Uns olharam para mim e disseram “fica calmo, são só 6 meses”. “Só 6 meses?” – me perguntou. Seis meses para mim são seis anos, seis décadas, seis milénios e sei lá. É uma eternidade. O que farei sem ela ao meu lado?

   A geladeira estava vazia. A louça estava há tantos dias para lavar que nem de esfregão se toda aquela sujidade seca iria sair. O que podia eu fazer? Ver filmes deprimentes? Ler livros? Consultar um psicólogo? Ir visitar Lua e chorar à frente dela?

   Saí de casa. Precisava de finalmente ver a luz do dia. Passei de carro pelas praias vazias de gente, passei por ruas movimentadas e até em pequenos parques infantis. Sempre de carro. Peguei a via rápida mais próxima para voltar a casa, quando as imagens do parque infantil me vieram à cabeça. Vi jovens mães com os filhos ao colo, ora dormindo, ora comendo ou chorando e vi outras grávidas olhando tudo o que eu disse antes com lágrimas nos olhos. Me lembrei de Lua. Ela era assim também.
   Mudei de velocidade e passei o meu braço no rosto para limpar as lágrimas. Estava lacrimejando tanto que não conseguia ver direito a estrada, mas mesmo assim continuei.
   Queria visitar Lua. Tinha saudades delas, do seu sorriso, do seu cheiro e do seu beijo. Me lembrei do dia em que ocorreu a sentença e da nossa despedida. Naquele momento só queria fugir de lá com ela ao colo e sair desse maldito país, que tem me causado muitos problemas, nesses últimos meses. Em vez de fugir com ela ao colo, peguei em sua mãe e disse o quanto a amava. Disse que ia esperar por ela e fazer de tudo para a tirar dali. Sendo assim, menti, porque até agora não mexi um dedo. Não falei com advogados, não falei com juízes nem fui em busca da verdade.



   Minha cabeça estava pesada. Senti o meu braço sendo apertado ligeiramente por algo e um monte de gente de roupa branca à minha volta. Estaria eu no céu? Eles disseram algo, meios atrapalhados e depois me deram algo para me acalmar. Mas eu estava calmo. Vi agulhas de um lado, lâminas de outro e outros tantos aparelhos que não consegui reconhecer. Senti uma picada na perna e de seguida apaguei.

   Voltei a acordar quando minha mãe me pegou na mão. Seu rosto estava triste e seus olhos levemente vermelhos. Meu pai estava em frente à janela, de costas voltas para nós. Me mexi e recebi a atenção dos dois.

- Arthur. – disse minha mãe. Ela voltou novamente a chorar e apertou mais a minha mão. Ela passou a mão pelos meus cabelos e me deu um beijo na testa. – Meu filho. O que te passou pela cabeça?
- Vou avisar ao médico que ele já acordou – disse o meu pai
- Eu estou… confuso.
- Pudera. O médico disse que era normal.
- O médico? – olhei em volta. Eu estava num hospital.
- Você sofreu um acidente. Não se lembra?
- Vagamente. – fechei os olhos quando senti uma pontada de dor de cabeça e me passou as luzes e as buzinadelas dos carros, pela cabeça, como lembrança do possível acidente que tive.
- Excesso de velocidade meu filho… a que se deveu isso?
- Eu não sei. – suspirei.

   O médico veio depois e me passou uns comprimidos para as dores que eu estava sentindo. Minha mãe me disse que fui submetido a uma cirurgia à perna, devido ao embate e que o meu carro não prestava para nada.

- Foi assim tão grave?
- Parece que sim.
- Contaram à Lua?
- Não… só eu e o seu pai é que sabemos.
- Não contem… depois eu falo pra ela, mais calmo.
- Já visitou ela?
- Não… não tive coragem. E vocês?
- Ainda não. Íamos hoje, mas aconteceu isso e… não deu.
- O que pretende fazer, meu filho? – perguntou o meu pai
- Pretendo ir para casa.

   No dia seguinte, eu fui mesmo para casa. Minha mãe insistiu em passar lá a noite para poder me ajudar em algumas limpezas de casa e também a fazer comida para mim, pois passei esses dias a comer bolachas, suco e fruta.
   Agora terei de andar de muletas durante um mês, se não mais e descansar muito. O que será impossível.

   Ganhei coragem e fui visitar Lua. Meu pai foi me levar lá, junto com a minha mãe, pois agora estou sem carro. Passamos antes por uma pastelaria e por uma florista também. No presídio, entramos depois de dar a documentação precisa e entramos para a sala de visitas.
   Meus pais conversavam de algum assunto alheio enquanto eu estava longe. Muito longe. Iria ver Lua depois de tanto tempo e ela ia, com certeza, se assustar com o meu rosto meio desfigurado por causa do acidente. Pensei no que lhe ia dizer e “voltei à terra” quando ela finalmente chegou.

- Olá Lua. – disse a minha mãe. Meus pais a cumprimentaram sorridentes e prontos a dar a ela todas as forças precisas. Conversaram um pouco e eu estava sempre de rosto baixo, esperando uma oportunidade para conversar com ela. Ela parecia chateada comigo, pois não havia dito nada – Bom, nós vamos lá fora para vos dar alguma privacidade.  – meus pais saíram.
- Amor… - esbocei um sorriso esforçado e vi ela olhar, pela primeira vez, finalmente, os meus olhos e depois vi eles vaguearem sobre o resto do meu rosto. Ela baixou a cabeça, por baixo da mesa e seus olhos se arregalaram.
- O que aconteceu com você?
- Eu tive um acidente… mas está tudo bem
- Como assim um acidente? Porque? Você… você teve todos esses dias no hospital?
- Calma, calma. – peguei as mãos dela – Está tudo bem. Eu é que saí ontem dei uma volta, me descontrolei e pronto… bati. Está tudo bem
- Pensei que não me vinha ver nunca…
- Desculpa, desculpa, desculpa. – balancei a cabeça – Eu não tinha coragem de te vir ver antes. Julguei que ia chorar, sem poder dizer uma única palavra. A verdade é que você me faz falta. Depois de sair do tribunal, tive vontade de ir beber todas ou então de cometer alguma loucura bem pior do que essa. Queria desaparecer. Porque o mundo lá fora não é o mesmo sem você.
- Arthur… - Lua começou a chorar. Era disso que eu tinha medo. Eu fiz o mesmo que ela, mas para não me mostrar fraco, baixei o rosto. Não adiantou de nada. Ela percebeu que eu estava chorando e se levantou para me vir abraçar.

   Era difícil. Muito difícil.

Amanhã eu TENTO postar mais. O meu exame será quinta-feira, por isso tenho de estudar as últimas coisas (e acreditem que não é pouco). 

8 comentários:

  1. An tanto sofrimento faz ela sair logo desse lugar. É boa sorte nas provas você vai conseguir

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  2. Que triste :/
    Arthur deve tomar atitude não ficar deprimido levantar e ir a luta pra tirar a mulher dele desse lugar...
    Boa sorte pra você nos exames :)

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  3. Olha cris até eu to deprimida! Sério olha eu ando chorando taanto com os seus capitulos! Que até eu me sinto uma boba! Bom quero te desejar boa sorte, tenho certeza que você já passou! Beiijooos te adoroooo muito!
    By:RAFA

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  4. Tira a lua desse lugaaaar pelo amor de Deus... Sorte pra vc

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