"Certezas" - 2º Capítulo

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POV LUA

No capitulo anterior…

- O que você acha? – o encarei

Como prometido, eu e o Arthur íamos sair. Estranhei muito mesmo a minha mãe deixar, pois não quer que eu saia para lado nenhum sem o segurança e o motorista atrás. Minha mãe pensa que é isso que vai fazer com que eu não morra. Mas está enganada. Um dia ou outro, isso acontece.

- É um lugar calmo que eu vim com uns amigos. Espero que goste. – disse ele, enquanto caminhávamos na rua, em direção a uns bares bem falados na cidade.

Minha irmã me tinha emprestado um vestido comprido dela. Ela era mais nova que eu meu, mas como eu estou tão magra, serviu perfeitamente em mim. Usei aquilo com sapatos rasos, pois o médico diz que os sapatos altos podem fazer mal aos meus ossos. Enfim! Médicos chatos.

- O que vão desejar? – perguntou o garçon, dois ou três minutos depois de eu e o Arthur nos sentarmos numa mesa. Ele parecia ser simpático. Pelo menos, tinha ar disso.
- Dois sucos de fruta, naturais. – Arthur pediu. O garçon apontou e foi buscar os nossos pedidos
- Viemos para um bar beber sucos? Eu tinha em casa, não se preocupe.
- Preferia o quê? Uma cerveja? Vocka?
- De preferência, da mais pura que tivesse
- Não fala assim – pediu Arthur. Ele passou a mão no meu rosto e sorriu pra mim – Você está linda.
- Se você diz isso mais uma vez, eu vou embora. 
- Você não pode ir sozinha. Além do mais, sempre te disse que você era linda. Estes dias é que você anda chata, pra caramba. – Arthur riu – Nem diz mais que me ama. – Arthur fez bico e cruzou os braços. Eu peguei a mão dele
- Chato! Você é que nunca mais me disse isso…  eu é que necessito de carinhos, não você.
- Você acha que se eu não te amasse, fazia tudo isso por você?
- Não. Você realmente me ama! – sorri – Eu também te amo! – dei um beijo no rosto dele – Desculpa os meus comportamentos. Eu tenho levado a vida muito abaixo daquilo que eu devia, sabe? Eu penso que hoje é o ultimo dia, então eu apenas deixo rolar. Nada vai fazer mudar o facto de eu… - fomos interrompidos pelo garçon que chegou com os sucos.

Arthur me fez mudar de assunto, na conversa. Passamos trinta agradáveis minutos conversando de tanta coisa que estava acontecendo neste momento. Depois dele pagar as contas, fomos andar um pouco pela cidade iluminada. Nesta noite de verão, decorriam festas pelas ruas, onde juntavam montes e montes de pessoas. Uns dançavam, outros bebiam, outros conversavam e riam… e havia exemplos como eu e o Arthur, passeando de mãos dadas.

- Tem uma razão o facto da sua mãe me ter deixado te trazer pra sair.
- Eu sabia! – olhei pra ele – É o quê?
- É uma coisa dolorosa de se dizer… a sua mãe não tinha coragem de te falar e muito menos a sua irmã. Eu ia entrar no seu quarto, quando o médico entrou, mas eu escutei a conversa e não tive coragem. Se eu entrasse lá, eu ia chorar muito e eu não queria que você me disse daquele jeito. – Arthur suspirou. Paramos de andar e ele segurou as minhas mãos, olhando bem no fundo dos meus olhos – Eu vou ser franco com você, tá bom? Mas eu não quero que fique triste e pense que isto é o fim.
- Eu vou morrer, né?
- A única certeza que o ser  humano tem no mundo, Lua… é que vai morrer. – disse ele
- Fala, por favor…
- O medico te deu um prazo… você tem cinco meses de vida. – a voz de Arthur saiu tremula na ultima parte. Não pensei ver ele chorar na minha frente daquele jeito.

Eu confesso que não fiquei melhor, porém, não chorei diante dele. 
Eu e ele nos abraçamos bem forte e ele deitou a cabeça no meu ombro. No meio deste tempo todo, eu já havia apreendido a conter as lágrimas, vendo pessoas chorando. Todas as pessoas que me amavam e sabiam do problema que eu tinha, choravam à minha frente. Se eu chorasse, cada vez que via alguém chorar, me afogava em lágrimas.

- Desculpa. – Arthur se soltou de mim, de modo um pouco bruto e voltou as costas para mim. Olhou para o céu, enquanto colocou as mãos na cintura e respirou fundo. Depois dele levar as mãos ao rosto, voltou a olhar para mim – Eu devia estar aqui te dando forças para continuar a lutar. Porque ainda pode haver uma cura para tudo isso. Você sabe! Mas é que é difícil… a sua mãe pediu pra eu ficar de te dar essa noticia, porque nós somos muito chegamos. Eu realmente pensei que ia doer menos.
- Eu posso te pedir um favor?
- O quê?
- Não chora por mim. Eu não quero te ver triste.
- Me dê razões para não ficar triste. Lua, vive estes cinco meses como se fosse… como se fossem cinco anos. Entende? – eu baixei o rosto – Aproveita o tempo que te falta para fazer o que você ama. 

De táxi, fomos até à minha casa. As palavras de Arthur não tinham saído da minha cabeça. A verdade é que eu amava fazer tanta coisa. Sou adolescente e tenho os meus sonhos. Porém, metade deles ou até mais, sai bem impossíveis. “Aproveita o tempo que te falta pra fazer o que você ama”. Isso não saia da minha cabeça.

O táxi parou em frente à minha casa. Passava um pouco da meia noite já, então pedi Arthur para ficar comigo. Eu me preocupava sempre com ele. Não queria que ele fosse sozinho para casa.
De braços dados, entramos na minha casa. A minha irmã e a minha irmã já dormiam, porque não se ouvia barulho nenhum dentro de casa. Subimos para o meu quarto vagarosamente. Arthur não estava muito a fim de dormir comigo.

- Eu não ronco, tá? – o encarei. Abri o meu armário e tirei um pijama meu, pra vestir. 
- Não é isso Lu… o problema é que a sua mãe fica meia estranha depois que me vê acordar ao seu lado.
- Não tem problema nenhum. Somos amigos.
- E jovens… - Arthur olhou para mim, sorrindo todo safado e depois baixou o rosto, desamarrando o atacador dos seus ténis
- Você quer dizer que ela pode pensar que nós dois transamos? – Lua começou a rir de mais – Minha mãe sabe que eu não sou capaz disso. Eu vou morrer virgem.
- Nunca se sabe. Quem sabe, que nesses cinco meses, você encontre um cara que ame você de verdade
- Nunca ninguém me vai amar. – olhei para a janela do meu quarto, onde reflectia o brilho da lua – Todos vão fugir a sete pés quando souberem que eu só tenho cinco meses de vida. – suspirei novamente

Adorava quando o Arthur dormia comigo. Por vezes, quando eu estava com febres estranhas os dores terríveis no meu corpo, Arthur dormia no chão, se fosse preciso, mas nunca ia pra casa, me deixando sozinha.
Nós dormíamos na minha cama, lado a lado. Por vezes, eu dormia sobre o peito dele. Parecíamos um casal de namorados, mas não, somos apenas melhores amigos. 

- Não sei como é que você me consegue aturar tanto… eu sou chata, não é?
- Sim, muito. – Arthur passou a mão nos meus cabelos – Mas eu amo você, coisa chata. – ele suspirou, olhando o tecto – Não estou vendo a minha vida sem você. Eu quero acreditar que tudo irá se resolver. Quem sabe não exista uma cura para essa sua doença. Nem que seja nos EUA. Lá as clínicas têm otimos especialistas e…
- Você pensa por acaso que a minha mãe é rica? – eu ri, para não chorar – Desde que o meu pai morreu que o dinheiro aqui em casa tem feito falta. Você sabe.
- Mas vocês não morrem de fome.
- Sim, claro que não. Mas também não esbanjamos dinheiro à toa.
- Não quero viver sem você. – Arthur me abraçou forte e percebi que a sua voz ficou um pouco rouca
- Nós vamos estar sempre juntos. Acredite. – mesmo chorando, eu beijei o rosto dele.

Será que rola mais comentários?
Para que tirem as dúvidas: eu não quero de modo algum copiar a web "eu sou teu". Aqui a Lua não tem cancer! Além disso, eu li essa web, porém, não toda e não conheço o final. 

Se começarem com muitas coisas, eu apago essa porra e não posto mais nada!

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