Foi apenas obra do destino - 4º Capítulo

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POV ARTHUR

Demorei três dias a colocar todas as coisas mais importantes para mim, em simples caixotes e depois tive de os carregar para a casa da Lua. Lá, eu ia poder ter um quarto, com as minhas coisas, e talvez assim eu me sentisse mesmo em casa.
Haviam várias mobílias que eu não ia precisar e pude vender e ficar com o dinheiro das mesmas. Quanto à casa, essa teve de ser entregue ao banco, para eu poder pagar as minhas dívidas. Talvez um dia eu volte a ter uma casa como aquela. Enquanto isso, ficarei com a Isabel e a Lua.

- Estou tão feliz por estar aqui connosco. Vai ser tão legal! – Isabel falava toda animada, enquanto me guiava pela casa – Vamos passar os dias de calor na piscina, as tardes de frio no jacuzzi e quem sabe a ver filmes e comer pipocas no sofá
- Só tem uma coisa! – Lua vinha atrás de nós – O seu quarto você arruma e irá arrumar mais alguma coisa aqui em casa, para contribuir com as arrumações. Faz parte
- Tudo bem. Na minha casa, era eu quem arrumava tudo mesmo, pois eu vivia sozinho
- Nós sabemos. Mas pode deixar, se precisar de ajuda, aqui estou eu. – disse Isabel
- E o seu pé, como está?
- Como novo. Parece que nunca aconteceu nada. – dizia radiante
- Ainda bem. – suspirei – Bom, se não se importam, eu gostaria de ficar um pouco sozinho no meu quarto.
- Claro! – Lua desceu
- Vai ficar triste ou chorando? Não te quero ver assim. – disse Isabel – Quero te ver feliz, com esse sorriso lindo que você tem. Promete que não vai ficar triste?
- Prometo! – sorri. 
- Lindo! – ela se aproximou de mim, colocou as mãos sobre o meu rosto e beijou o canto da minha boca. Deu um sorrisão e saiu do meu quarto

Sei que prometi pra ela não ficar triste ou não chorar, mas a verdade é que eu queria mesmo isso. Viver em casa de pessoas que eu mal conheço nunca foi o meu objetivo. O meu objetivo era ter o meu trabalho, ter o meu dinheiro, acabar a faculdade e ter um trabalho de sonho. Algo bom, para que eu pudesse dar uma melhor vida aos meus pais. 
Os meus pais sempre trabalharam, fizeram de tudo para me dar os melhores estudos. Devo tudo o que tenho a eles. Mas fui idiota quando recusei ir para a faculdade. Agora me arrependo muito! 
Estava triste também por deixar aquela casa. Não era grande, não tinhas piscina e muito menos jacuzzi. Era uma casa simples. Tinha dois quartos de dormir, era de um andar só, tinha jardim, sala de estar, cozinha e ainda um banheiro. Era simples, mas era com o meu salário que eu pagava tudo. Eu sou humilde!

POV LUA

Isabel veio entre sorrisos até à sala. Sentou no sofá, cruzou as pernas e balançava-as de um lado para o outro, enquanto mexia nos seus cabelos. 

- Viu passarinho azul?
- Sim. E não foi o twitter. Foi o Arthur mesmo. Ele não é lindo, mana? Poxa, eu adoro ele!
- Ele é velho de mais para você
- Até parece! – ela balançou a cabeça – Ele é o cara perfeito pra mim. Ele é o tal mana. Você se importaria, se eu namorasse com ele?
- Eu não! – dei de ombros – Mas ele não vai querer nada com você
- Como pode ter tanta a certeza? Ele é um doce, comigo
- Ele gosta de mulheres mais velhas, crescidas, da idade dele
- Tipo você?
- É, tipo eu
- Você nem pense ficar com ele. Eu vi ele primeiro
- Eu não tenho que querer ou não, quem tem de querer é ele.
- Isso é um desafio Lua? – ela me encarou
- Ficou louca? – encarei ela e vim de seguida para a cozinha

Foi fazendo o almoço que comecei a pensar directamente no Arthur. Fazia tempos que eu não tinha um namorado como ele: gentil, carinhoso e, apesar de tudo, trabalhador. Mas a minha irmã tem razão, ela viu ele primeiro. Mas eu também tenho razão quando digo que ‘é ele quem escolhe’.

Trabalho numa clínica própria, em que tenho algumas pessoas trabalhando na parte da enfermagem, outras na área da limpeza, mas o que me faltava mesmo era alguém que me ajudasse com os pacientes mais idosos e que organizasse as minhas consultas. O Arthur era o cara perfeito para isso. Era nesse ramo que ele ia trabalhar, pra mim. 

- Eu tenho a dona Esmeralda, que é uma senhora chata pra caramba. Ela tinha uma consulta hoje, por conta dos ossos, mas liga pra esse número que tem ai… – apontei para a ficha dela – E marca para amanhã. Hoje é impossível, eu atender ela!
- Tudo bem. – Arthur fez como mandei

Quando eu via ele um pouco atrapalhado, eu o ajudava. As enfermeiras mais novas adoraram ele e pediram inclusive favorzinhos a ele, mas que fique claro que ele é o meu secretário. 

- Vamos fazer uma pausa? – perguntei
- Vamos! – ele assentiu. 

Na nossa hora de almoço, fomos até a um restaurante que tem próximo da clínica, para tomarmos café e quem sabe conversarmos um pouco mais sobre ele, já que pouco sei a seu respeito.

- Quantos anos você tem mesmo?
- Os mesmos que você, 25
- Que bom. Faz anos quando?
- Três de Março.
- Mentira? – eu ri – Eu faço a cinco de Março
- Meu deus, que coincidência! – rimos os dois – Que mais, comida preferida?
- Churrasco, claro!
- O meu também! – rimos de novo – Um cantor?
- Bruno Mars, Usher…
- Bruno Mars é vida! – voltamos a rir e a olhar-nos olhos, nos olhos – Você é bem mais interessante do que eu pensava.
- Você também. Acho que nos vamos dar bem. – terminamos de beber o café – Eu pago!
- Nada disso. Eu pago. Você já me leva de carro
- E você me deixa ficar na sua casa
- Mas você paga
- Mas eu sou cavalheiro! – ele foi mais rápido que eu a tirar o dinheiro da carteira e a pagar de seguida ao empregado.

Saímos do restaurante, e fomos em direção à clínica. Eu estava ainda fascinada com a quantidade de coisas que temos em comum, fora aquelas que ainda não sabemos. 

- Deveríamos sair um dia desses. – disse Arthur – Curte balada?
- Claro! Apesar de não frequentar muitas
- Eu ia todas as semanas com a minha… minha ex-namorada. – ele baixou o rosto
- Ainda gosta dela?
- Gosto… apesar de tudo o que ela me fez. – ele riu – Eu sou idiota!
- Não é. Todo o mundo tem o direito de errar uma vez. Você erra desta vez, mas acerta na próxima. Quem sabe, se a sua próxima namorada não seja a mulher da sua vida.
- Espero que sim. Está mais do que na hora – ele me deixou entrar primeiro na clínica – Você tem namorado?
- Não. – apertei o botão do elevador e esperei ele abrir – Estou procurando o cara certo.
- Quem sabe se ele não está na sua frente. – ele riu, me deixando envergonhada – Desculpa, tenho o costume de dizer isso às minhas amigas. Não sei se ainda te posso considerar como uma
- Por que não?
- Não sei. Você no inicio não parecia gostar de mim – entramos no elevador
- Isso é porque eu sou muito protectora da minha irmã, você já deve ter entendido isso. Você teve um acidente com ela e eu me preocupei de mais. Ela é tipo uma filha pra mim, sabe? – rimos juntos, ao sair do elevador 
- Ela é muito legal e bem parecida com você.
- Ela é mais divertida que eu e um pouco iludida.
- Por que diz isso?
- Ela pensa que pode vir a ter algo com você! – vi ele engolir seco e depois rir
- Agora entendo! – ele ria sem parar
- O quê?
- Ela me deu um beijo no canto da minha boca, ontem
- O QUÊ? – gritei, no meio do corredor da clínica 

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