Não foi um erro - 34º Capitulo

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No capítulo anterior

- Mas de outro beijo, você pode admitir né? – segurei as suas mãos e roubei um pequeno selinho, porém, demorado…
- Aii Arthur, mas de novo? – ela colocou as mãos na cintura
- É… você falou ainda hoje que eu era louco né? – ele riu, fazendo Lua rir também 

POV LUA

Ainda naquela noite recebi uma ligação, no mínimo estranha. Era de um numero que eu não conhecia e eu estava mesmo pensando em não atender. Mas tocou uma vez, tocou duas vezes até que à terceira vez eu decidi atender.

- Oi?
- Lua… - aquela voz não me era nada estranha – Lua, é você?
- Sou sim… quem fala?
- Lua, sou eu…
- Eu quem meu deus?
- Eu… a sua mãe. – Foi como se a minha respiração parasse. Eu fiquei branca, verde e cor de rosa ao mesmo tempo. Eu não sabia o que dizer, o que pensar… num impulso, comecei a chorar
- Mãe? É você?
- Sou sim minha filha… - pelos vistos ela chorava também – Eu tenho tanta saudade sua minha loirinha. Tanta. Se passaram anos e eu…
- Saudade é? – eu interrompi – Você sente saudade porque quer, porque você que me expulsou de casa. Você e o pai, claro! Vocês ficaram todos esses anos sem querem saber de mim e agora é que se lembraram que eu existo?
- Minha filha… não fala assim, por favor.
- Falo sim, eu falo como eu quiser! Não sei onde você arranjou esse numero, mas não volte a ligar!

Desliguei o telefone na cara da minha própria mãe. Eu sei, eu não devia ter feito. Apesar de tudo, ela é a minha mãe. Mas apesar disso também, ela me fez muito mal. Me maltratou, não me apoiou e me expulsou de casa. Queria agora o que? Que eu a aceitasse? Nunca!

Por causa dela passei a noite super mal. Não dormi, apenas chorei. E para piorar a situação, o dia seguinte era dia de trabalho. O meu novo trabalho.

- Pelos vistos o seu humor continua negativo. Quer um beijinho pra melhorar? – Arthur começou desde cedo a implicar comigo
- Arthur, vá à merda tá?
- Mamãe, você falou palavrao! – Yasmin se colocou em cima da cadeira da mesa da cozinha e colocou as mãos na boca
- Viu Lua? Olha a educação que você dá à sua própria filha… - ele continuava com as suas ironias. Se a Yasmin não estivesse lá, eu mandava ele para um certo lugar
- Eu preciso de ir embora. Leva a Yasmin na escola? – perguntei a ele
- Se…?
- Se você não quiser morrer! Ela é sua filha e levar ela à escola é um direito seu! – gritei logo de manhã para ele – Até logo filha! Amo você!
- Também te amo mamãe! – dei um beijo nela e quando saia da cozinha…
- Eu não mereço beijo? – dei um dedo pra ele, felizmente Yasmin não viu dessa vez

Eu estava sem cabeça para nada e tudo o que me apetecia agora era não ir trabalhar. Mas não podia faltar ao meu primeiro dia de trabalho. Felizmente, não será todos os dias. Apenas alguns dias por semana. 
Em cada espécie de “aula” que eu dou aos jovens, iria ser uma lição sobre os principais problemas que hoje muita gente tem. 
Quando entrei na sala, uns dois minutinhos já atrasada, reparei que deveria ter ali uns 20 jovens, no mínimo. E nos primeiros minutos das aulas, só entrava mais gente e mais gente.

- Bom dia jovens! – sorri para eles – Eu sou a Lua Blanco e vou ser a vossa nova espécie de psicóloga, mas no fundo disso, serei também vossa amiga. Quero que me contem todos os vossos problemas, eu quero do fundo do coraçao ajudar vocês. Como podem ver, eu não sou muito velha também e posso vos dizer desde já que a minha adolescência não foi nada fácil.

Entre estes jovens, havia meninas gravidas, meninos metidos nas drogas ou no álcool, outros nerds por serem todos os dias vitimas de Bulling nas escolas, algumas meninas com problemas com o corpo e outro até com problemas familiares, nomeadamente, vitimas de maus tratos. 

- Quem quer ser o primeiro a falar sobre um dos seus problemas? – todos estavam envergonhados, mas uma menina, a grávida, levantou a mão no ar
- Eu! – ela disse tímida – Eu sou a Sandra, tenho 15 anos e como deu pra ver, estou gravida.
- Me diz Sandra, de quantos meses você está gravida?
- 7 meses e meio.
- Menino ou menina?
- Menino! – ela sorriu
- Sandra, antes de saber a sua historia, quero te dizer que estar gravida com essa idade pode parecer o fim do mundo né? – ela assentiu – Mas não é, acredite! Eu com a sua idade estava gravida. Hoje tenho uma pestinha de 5 anos, que amo muito! Acredito que com você irá acontecer o mesmo. Mas bom, conte-nos a sua historia.
- Bom, à uns 8 meses atrás, mais ou menos, havia uma festa legal na praia, tipo um lual. Eu, o meu namorado e uns amigos fomos até lá e voltamos bem tarde. O garoto que conduzia o carro para casa, estava bêbedo e acabamos por sofrer um acidente – ela começou a chorar – O meu namorado morreu! – ela respirou fundo, senti desde logo pena dela – Acontece que nessa noite, agente se entregou um para o outro. Já tínhamos feito amor antes, mas daquela vez foi diferente e bem especial. Dias após a morte dele, eu descobri que estava gravida. A minha família se virou contra mim e apenas a minha madrinha me ajudou. Eu não sei o que fazer… eu tenho 15 anos e um filho. Eu não tenho o pai dele e não sei como o vou conseguir criar sozinha. – ela parecia desesperada
- Devo te dizer que o pai da minha filha, desapareceu também e durante 5 anos ele ficou em Londres, curtindo a vida, enquanto eu sofria aqui. Fui expulsa de casa e todo o mundo me abandonou. Mas hoje ele voltou. Os primeiros anos da vida de uma criança, são os mais difíceis. Mas acredito do fundo do coraçao que você irá encontrar alguém que te vá ajudar muito…
- Não vou não… - ela chorava ainda mais – Eu queria o meu namorado. O pai do meu filho. Ele era único, especial. Apesar das discussões que tínhamos, que não eram nada pequenas, eu sei que ninguém irá tirar o lugar dele. Ninguém nunca será melhor que ele. O Henrique era tao especial…

Eu chorei junto com ela. Eu nunca tinha visto alguém de 15 anos se entregar desse jeito. Não foi só eu que me emocionei. Alguns membros daquele clube de ajuda também se emocionaram com a historia da garota. Mas do que depender de mim, eu irei ajuda-la.

À tarde, quando cheguei a casa, Arthur e Yasmin já tinham chegado. O telefonema da minha mãe ainda estava na minha cabeça, mas o sentimento de saudade da Sandra também. 

Postando mais cedo, porque hoje vai ter festa aqui em casa até tarde! Até amanhã

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